CRÔNICA: Vasco 2016 - Subindo com a base
O torcedor vascaíno se vê mais uma vez em um ano onde o objetivo é subir para a série A do brasileirão. Em 2015, o clube amargou pela terceira vez em sete anos a tristeza do rebaixamento. O ano que começou esperançoso com a conquista do Carioca sobre o Botafogo terminou de forma trágica para os corações cruzmaltinos. O erro no planejamento de montagem do elenco foi fundamental para a queda. O excesso de contratações, muitas delas inexplicáveis de jogadores que não apresentavam currículo para atuar no clube e que nem sequer chegaram a jogar, colocaram em xeque o tal respeito que tanto foi pregado pelo atual presidente Eurico Miranda. Mesmo a louvável recuperação no segundo turno comandada pelo meia e craque do time Nenê, não foi suficiente para evitar que o Vasco se afundasse na lama novamente. Mas os problemas do rebaixamento foram claros e todo torcedor vascaíno já está cansado desse assunto. Como diz a frase: “ano novo, vida nova”, e é nessa toada que o Vasco tenta se reerguer para 2016.
O principal acerto da administração vascaína foi à manutenção de seus principais jogadores e do técnico Jorginho. Nenê (que renovou por três anos), Luan e Martin Silva receberam diversas propostas, mas preferiram continuar no clube e juntos ao zagueiro Rodrigo formam a espinha dorsal do time, tanto em termos técnicos quanto em experiência. O comandante Jorginho, junto ao seu auxiliar Zinho, também permanece. O espírito de liderança e de superação implementado pela comissão técnica na reta final do brasileiro será importantíssimo para o processo de ascensão vascaína, e renovação é a palavra-chave do momento. Se em 2015 mais da metade do elenco estava acima dos 30 anos, em 2016 dos 33 jogadores que estão fazendo a pré-temporada em Pinheiral, 16 já atuaram em alguma categoria de base vascaína. Um elenco rejuvenescido e com identificação com o clube é a aposta do gigante da colina. Para isso, Jorginho solicitou que sete jogadores da base se juntassem ao elenco profissional na pré-temporada. O goleiro Gabriel Félix, o zagueiro Kadu Fernandes, o lateral-esquerdo Alan, o volante Andrey, os meias Matheus Índio e Evander e o atacante Caio Monteiro integrarão pela primeira vez o elenco principal e se juntarão ao meia Mateus Vital e ao atacante Renato Kayser que já atuaram no final de 2015.
Mateus Vital, aliás, é o nome da vez da caravela vascaína. O jogador que fez sua estreia na última rodada do brasileiro no jogo que decretou a queda do clube, agradou muito a comissão técnica. Nos treinos da pré-temporada, Mateus Pet (como é conhecido pelo sua semelhança física e no estilo de jogo do craque sérvio) assumiu o comando do meio de campo e ganhou a vaga de titular, alternando entre a posição de segundo volante e terceiro homem do meio mostrando toda sua versatilidade. Dos que subiram agora, Andrey e Evander são considerados os mais talentosos. A dupla que foi campeã do sul-americano sub-17 e disputou o mundial da categoria em 2015 enche os olhos e cria esperança para quem os observa de perto. Andrey é considerado um volante moderno, que marca e também sabe sair jogando, fazendo a transição entre ataque e defesa com qualidade, o famoso “Box to Box”. Já Evander tem um talento diferenciado nos dribles e no chute principalmente de longa distância, que juntam potência e precisão sendo comparados ao do craque Cristiano Ronaldo.
Com toda essa confiança na base, o vasco optou por não investir muito em contratações. Foram apenas duas: O lateral direito Yago Pikachu que veio do Paysandu e o volante Marcelo Mattos, do Vitória. O nome de Pikachu agrada bastante os ouvidos vascaínos. O jogador foi o lateral com mais gols em 2015, foram 20 ao todo, e se destaca pela polivalência e ofensividade e brigará por uma vaga de titular, seja na lateral onde tem a concorrência do veloz Madson, ou na meia direita onde atuou diversas vezes no Papão da Curuzu. O clube ainda busca um centroavante, visto que Riascos não agrada a torcida e Thales segue com problemas com a balança e casos extracampo. Seguindo a política de economia e renovação, o clube dispensou vários atletas. Nomes como Dagoberto, Herrera, Nei e Leandrão, que ganhavam um salário alto foram liberados para procurar outro clube e enxugaram a folha salarial. Da lista de saída que continha mais de 20 jogadores, talvez o único nome que fará a torcida vascaína sentir falta é o do atacante Rafael Silva. Autor dos gols do título carioca, Rafael fechou com o Cruzeiro e vai defender a raposa em 2016.
Renovação: esse é o termo que ditará o novo Vasco em 2016. Um time que represente a história vascaína e tenha amor ao clube é o que a torcida deseja. Assim como é um ano de subida na carreira desses garotos, também será um ano de subida para o clube. A reestruturação voltada na base é fundamental tanto no sentido financeiro, quanto no quesito identificação com o Vasco. A diretoria parece acertar nesse primeiro momento da temporada, e o torcedor deseja que todas essas promessas tenham realmente oportunidades, não ficando em segundo plano para jogadores de empresários, para que no fim o Vasco não cometa o mesmo erro dos últimos anos e fique mais uma vez congelado na Sibéria, assim como seu presidente.
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O meia atacante Nenê brilhou em 2015 com a camisa cruzmaltina.
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